A Presença do Mundo Antigo em Nossa Sociedade: Reforma Agrária



MST faz marcha por reforma agrária em Itapevi, na Grande São Paulo (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)


O modo de vida contemporâneo, por ser muito corrido e atarefado, não permite que a maioria das pessoas percebam e pensem sobre as relações sociais, políticas e econômicas em que vivem e sobre as raízes dessas relações que se fazem presentes na sociedade desde o início de sua organização na história.

Um dos assuntos vigentes na sociedade brasileira e que constantemente vem à tona em debates e discussões é a Reforma Agrária, ou seja, a “justa” divisão de terras de um estado. Apesar dos preconceitos e de muitos julgamentos antecipados sobre este tema, a Reforma Agrária esteve presente em grandes civilizações antigas e foi fundamental para o crescimento e desenvolvimento de uma sociedade que buscava a redução da desigualdade social.

Os primeiros vestígios de uma Reforma Agrária na história da humanidade remontam à Roma Antiga. Com a fundação de Roma, a sociedade basicamente se dividiu em duas classes sociais, os patrícios (nobreza territorial e militar) e os plebeus (artesãos, comerciantes e pequenos proprietários). O problema agrário romano começou justamente pelo fato dos plebeus não terem o direito de usufruir das terras, causando aumento de prisões por dívidas.

A história romana está repleta de lutas de plebeus pela posse de terras e por direitos políticos, tornando-se mais eminente com a queda da monarquia.Com a ampliação do Império Romano, Roma passa por uma nova estrutura social, baseada na escravidão, que mais tarde seria um dos motivos da sua decadência. A riqueza foi concentrada nas mãos de poucos, aumentando a desigualdade social, traço nítido do capitalismo.

Para resolver tal situação, Tibério e Caio Graco, dois irmãos plebeus, conseguiram ao serem eleitos a aprovação do povo graças a inúmeras medidas como a reforma da justiça, a lei do pão (entregava pães a baixo custo para o povo), e principalmente a Reforma Agrária a fim de dividir as terras públicas e compensar os latifundiários. Porém, a elite patrícia insatisfeita com a possível reforma se articula e assassina os dois irmãos. Mesmo tendo fracassado em seus objetivos, os irmãos Graco são lembrados pela tentativa de fazer uma reforma igualitária na sociedade. Mais tarde o regime latifundiário e escravagista terminou, acabando com Roma, onde a escravidão impediu o progresso do império.

No Brasil, a terra permanece sobre a mesma distribuição e posse desde o século XVI, sem nenhum tipo de repartição equilibrada ou legislação adequada e eficaz que vise uma sociedade com menos desigualdades sociais no que se refere a posse de terras. Isso ocasiona movimentos e lutas agrárias como o Movimento dos Sem Terra (MST) que busca na Reforma Agrária a repartição das terras para quem nelas trabalham diretamente, além de uma legislação que garanta ao trabalhador rural a possibilidade de aproveitar de forma rentável e adequada os terrenos alugados. A Reforma Agrária, além de promover a diminuição de desigualdade social da população brasileira, acarretaria em melhorias técnicas, ambientais, etc.


Cabe a população pressionar e lutar para que seja visível a necessidade de uma melhor distribuição das propriedades de todo o território brasileiro, para que assim, possam existir mudanças que mesmo que tardias em nossa sociedade, fariam toda a diferença no equilíbrio social brasileiro, como fizeram nas sociedades mais antigas.



Autores: Presley dos Santos Vidotto e Vinicios Magioni
Período: 4º Período de Licenciatura em História
Faculdade Castelo Branco / Colatina - ES 
 História do Brasil

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